quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Não era para doer ;




Mas dói. Dói em mim, em você e em quem assiste de fora, seja o motivo qual for.
Dói, talvez, porque ninguém nunca disse que seria fácil. Cuidar de alguém. Apegar-se a alguém. Amar alguém.
Com tal intensidade que deixamos de amar a nós mesmos.
Como um ser humano que mal cuida de si mesmo pode se julgar pronto a cuidar de outra pessoa? Como?
Eu não entendo. E acho que ninguém entende, de fato, o que é o amor. Nós apenas o sentimos, não o explicamos.
E há amor para todos os tipos, todos os gostos. Mas falo aqui do amor entre duas pessoas.
O amor é traiçoeiro. Laça os corações, os absorve num misto de mãos suadas, batimentos cardíacos acelerados e borboletas no estômago para depois soltar, largar, abandonar. Sim, porque nada é eterno. Por mais que você viva com um parceiro por 90 anos, um dia, se o amor não abandona, a morte carrega. Ou ele - ou você.
Não era para doer, mas dói. Dilacera, destrói, machuca, mata. Aos poucos, por dentro. Como uma sinfonia tão triste, mas tão triste, que te faz chorar. Como hoje, como agora.
Mas há beleza na dor. Por mais medo da perda que possa aparecer. Por mais temor da solidão que possa, sim, acontecer. Por mais insegurança, fragilidade que exista. Porque na dor há fortalecimento, há grandeza de ser.
Eu vejo tanta gente reclamar do amor. E eu poderia contribuir distribuindo as minhas maldições, junto. Mas eu sou incapaz. Porque por mais maldito que ele possa ser, eu o amo. Eu amo o amor. Eu amo a possibilidade de poder amar. Porque por mais que ele faça sofrer, pelo menos ele existe. E sua existência é comprovada exatamente aí: em nossos corações trincados, doloridos e gritantes. Ou, em outras situações, felizes, cheios e satisfeitos.

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